O que assusta no Brasil é que existem muitos casos de assédio nas grandes corporações. Para Margarida, a humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida dos trabalhadores de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para incapacidade de trabalho, desemprego ou mesmo a morte.
Muitas vezes, os trabalhadores doentes são
responsabilizados pela queda da produção, acidentes e doenças,
desqualificação profissional e conseqüente desemprego. Com medo,
escondem suas queixas e evitam, simultaneamente, serem humilhados e
demitidos. Muitas vezes preferem ir aos médicos nos finais de semana ou
nas férias para não mostrar que estão doentes.
As mulheres, diz
Margarida, são mais humilhadas e expressam sua indignação com choro,
tristeza, ressentimentos e mágoas, estranhando o ambiente que
identificavam como seu. Os homens sentem-se revoltados, indignados,
desonrados, com raiva, traídos. Querem se vingar. Diante da familia, normalmente da mulher e dos filhos, sentem-se envergonhados, com a sensação de fracasso e baixa auto-estima. Isolam-se e
evitam contar o ocorrido aos amigos.
Passam a conviver com depressão, palpitações,
tremores, distúrbios do sono, hipertensão, distúrbios digestivos, dores
generalizadas, alteração da libido e pensamentos ou tentativas de
suicídios que configuram um cotidiano sofrido. É este sofrimento
imposto nas relações de trabalho que revela o adoecer.
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