O inquérito foi aberto a partir de uma representação feita em 2016 pelo haitiano Ernst Casseuf, que vive no Brasil há oito anos. Segundo ele, para iniciar o processo de solicitação do visto brasileiro, é necessário o pagamento de propina para conseguir o agendamento no setor consular da embaixada.
É neste momento que começa a atuação dos raketes (do inglês racketeer, ou aquele que pratica extorsão). Para conseguir uma data, os interessados precisam realizar o pagamento que, de acordo com fontes ouvidas pelo UOL, varia entre US$ 300 (cerca de R$ 1.250) e US$ 1.500 (ou R$ 6.240). Haitianos, os raketes são os intermediários entre aqueles que buscam o visto e os receptores da propina. Com a data definida, os interessados comparecem com os documentos solicitados para a realização de uma entrevista para esclarecer o propósito da migração para o Brasil. Segundo o Itamaraty, há apenas uma taxa no valor de US$ 60. Por meio de um acordo de cooperação, porém, desde 2015 os agendament.
A reportagem se cadastrou no site do BVAC e tentou fazer o agendamento. As datas dos meses de setembro, outubro e novembro --únicos meses que apareciam como opção-- não estavam disponíveis. De acordo com a organização, seu papel é fornecer suporte administrativo, sendo um "intermediário entre o aplicante e a embaixada". Diz ainda que não desempenha papel nas tomadas de decisão ou nos cronogramas do processo. Embora os agendamentos estejam hoje sob a tutela da OIM, a representação feita por Casseuf responsabiliza apenas a embaixada brasileira pela cobrança de propinas em troca de datas.